Para onde a gestão Guilherme Campos está levando os Correios?

Notícia publicada dia 07/02/2017 10:42

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PDI, redução de efetivo, não realização de concurso, fechamento de agências, diminuição do alcance das entregas nas periferias, aumento da carga de trabalho – Essas medidas indicam o projeto do presidente da empresa e do governo que ele representa

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Todo governo tem um projeto político. O do governo atual pode ser medido pelas propostas de reforma da previdência, que praticamente acaba com o direito à aposentadoria, e de reforma trabalhista, que almeja jogar a CLT e a proteção ao trabalhador no lixo da história.

É o projeto dos empresários sendo colocado em prática. Lucro mantido e ampliado para a empresas, direitos diminuídos e excluídos para os trabalhadores.

E para as estatais e serviços públicos? Qual o projeto deste governo? É preciso entender isso para ter clareza do que o homem do governo à frente dos Correios está planejando, e praticando, e não se iludir com o que ele fala.

Otimizar e racionalizar

O presidente dos Correios, Guilherme Campos, tem dito em todo lugar que o Correio vai muito mal e que é preciso a “otimização e racionalização” dos serviços para recuperá-lo. Ele jura de pés juntos que quer salvar a empresa. Que as medidas que ele está tomando são as “necessárias” e “corretas”, e quer convencer os trabalhadores e Sindicatos a aceitá-las.

Mas o que ele está encaminhando?

– Demissão Voluntária (PDV):

Faltam funcionários, mas nada de concurso público e contratação. Ao contrário, Campos quer reduzir ainda mais o quadro de funcionários. O PDV lançado por ele tem como meta a adesão de pelo menos 8 mil empregados e prevê economia anual entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão.

– “Correios vão reduzir total de agências”:

Essa notícia está em toda a imprensa. Campos quer a fusão e a extinção de unidades “para economizar”. O vice-presidente da rede de agência e varejo, Cristiano Morbach, já disse que o “número de agências vai cair bastante”.

Em compensação, a direção da empresa quer ampliar a rede de agências franqueadas, e Campos planeja “criar a figura de microempreendedor postal, uma pequena empresa que assumiria os serviços postais em localidades menores.” O fechamento das agências está em consonância, segundo Campos, com o enxugamento do número de funcionários.

– Para Campos, a universalização do atendimento postal não faz mais sentido, porque hoje, “80% das nossas agências registram déficit, principalmente em locais mais afastados e pequenos centros urbanos”. Ele quer acabar com a “presença dos Correios em todo o território nacional”.

– DDA, OAI e outras pragas:

Diminuição do número de distritos e aumento do número de entregas por carteiro, combinado com o fim do atendimento em domicílio e ruas e bairros mais afastados (a população tem que buscar suas correspondências nos Correios). Isso significa mais trabalho para cada ecetista, e uma forma de garantir a execução das tarefas com um número reduzido de empregados.

Além disso tudo tem:

-Fim do pagamento da PLR;

-Intenção de instituir mensalidade para o plano médico e retirar os pais e os dependentes;

-Ameaça a outros direitos conquistados da categoria.

Banco do Brasil BB e CEF

É importante saber o que está ocorrendo em outras estatais para comparar com o que ocorre nos Correios e entender o projeto político que está por trás.

O processo de reestruturação do Banco do Brasil começou em novembro de 2016. A conversa é a mesma, de que tem que enxugar para economizar. Primeiro veio o PDV, e depois o anúncio do fechamento de agências e a transformação de outras em postos de atendimento.

Os funcionários das unidades fechadas viram “excedente”. Ao invés de realoca-los, o banco está modificando cargos, tirando funções e comissões e reduzindo drasticamente os salários. Também está “convidando” o pessoal a ir trabalhar em outras cidades e até estados (isso é que é transferência forçada).

Para o movimento sindical bancário, a intenção do governo federal é sucatear o BB, e também a CEF, para que os serviços bancários sejam prestados somente por instituições financeiras privadas (Bradesco, Itaú, Citibank, Santander, etc).

Privatização disfarçada?

É esse o projeto de privatização do governo?

Tudo indica que sua tática é diminuir e enfraquecer as estatais e os serviços públicos, dando espaço cada vez maior para as empresas privadas controlarem o mercado. Num dado momento, as estatais, enfraquecidos, mas enxutas, operantes e lucrativas, podem ser vendidas e englobadas pelas empresas que estão dominando o mercado (no caso do serviço postal, empresas multinacionais como DHL, FEDEX e UPS, além das nacionais da logística).

É isso que está sendo encaminhado por Guilherme Campos? Pelo menos é o que fica sugerido, e até evidente em alguns casos, nas suas medidas.

A posição da categoria e do Sindicato de São Paulo é em defesa dos Correios, do serviço público e de qualidade, do direito da população ao serviço universal e dos empregos e diretos dos trabalhadores da empresa. E a exigência de que, em vez de redução e cortes, que as medidas sejam de investimento, criação e ampliação dos negócios, para verdadeiramente fortalecer os Correios e o serviço público!

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