#SAIUNAMÍDIA – Presidente dos Correios posterga concursos, mas descarta privatização

Notícia publicada dia 22/08/2017 13:28

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Guilherme Campos disse que vai resolver a carência de funcionários com a contratação de terceirizados

Em entrevista exclusiva à FOLHA DIRIGIDA, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, falou sobre as perspectivas de concursos na empresa. Segundo ele, não há seleções em pauta no curto prazo.

Engenheiro formado pela Politécnica da USP, Guilherme Campos assumiu o cargo em junho de 2016 e fez questão de ressaltar que sua principal meta é comandar a modernização dos Correios, de forma que a empresa seja capaz de adequar-se às novas realidades e tendências das formas de comunicação, tendo como exemplo companhias postais estrangeiras que já investiram nessas transformações.

A nova política de Recursos Humanos dos Correios, explicou ele, está sendo moldada de forma a atender essas necessidades. Por isso, os concursos estão suspensos, ao menos enquanto os Correios não voltarem a operar no azul.

Em 2015, a empresa fechou o ano com prejuízo de R$2,5 bilhões, valor reduzido quase à metade no ano passado. Para este 2017, Guilherme trabalha com uma previsão otimista de que, pela primeira vez, a ECT volte a operar com resultados positivos.

“A ECT até percebeu que o mercado das comunicações estava se transformando, mas demorou a reagir. Poderia ter feito essa transição de forma mais programada, menos dolorosa, enquanto tinha recursos em caixa. O serviço postal caiu drasticamente. Todas as pessoas, hoje, se comunicam por e-mail ou whatsapp – quase mais ninguém envia cartas. Essa queda foi superior a 30% nos últimos cinco anos, e segue nesse ritmo. O que sustenta o serviço postal são os envios de contas e cobranças, além das correspondências judiciais”, afirmou.

Números não refletem realidade da nova demanda

Entidades sindicais ligadas aos Correios – Fentect e Findect – apontam para a carência de 20 mil servidores na área operacional. Esse número não é negado pelo presidente da empresa que, no entanto, relativiza seu real impacto. “Pode ser isso, se avaliarmos o quadro histórico, tido como cenário ideal. Mas a verdade é que a simples atividade postal já não demanda, justiça e tampouco paga todos esses profissionais. Não faz mais sentido, sob o ponto de vista de gestão. Queremos é investir e crescer em novas frentes, como o transporte de encomendas de e-commerce, operações financeiras e – quem sabe? – até com a criação de uma loteria própria dos Correios.”

Assim, segue sem previsão de lançamento o concurso para os cargos de carteiro e operador de triagem e transbordo, funções de nível médio, com vencimentos iniciais de R$3.164,46 e R$2.627.96, respectivamente. Esta seleção chegou a ser anunciada, gerando a expectativa de milhares de concurseiros em todo o Brasil, mas teve seus preparativos suspensos em 2015, diante do contexto de crise da empresa e da política de restrição aos concursos no país.

O mesmo vale para outro concurso, que chegou a ser anunciado para maio último, para funções nas áreas de segurança e medicina do trabalho. A seleção traria oportunidades em carreiras dos níveis médio/técnico e superior – auxiliar de enfermagem do trabalho, técnico de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho e médico do trabalho. Os vencimentos iniciais oscilariam entre R$1.876,43 e R$4.903,05.

“Neste caso, decidimos segurar o lançamento do edital, à espera da concretização das mudanças das reformas trabalhista e previdenciária. Na verdade, vamos reavaliar a viabilidade também deste concurso, e o mais provável é que ele não seja realizado a curto prazo. Muito possivelmente, vamos optar por resolver uma ou outra situação de carência com a contratação de terceirizados”, adiantou Guilherme Campos que, no entanto, fez questão de ressaltar que não há qualquer estudo ou perspectiva de privatização da ECT.

“Estamos nesse processo de reestruturação dos Correios exatamente porque queremos fazer desta, novamente, uma empresa viável, que seja mais eficiente. Queremos manter essa empresa pública, até por sua importância histórica e social, pela imensa capilaridade e responsabilidade que possui. Mas, para isso, precisamos rever nossos quadros”, destaca o presidente, ressaltando que pretende, inclusive, rediscutir benefícios com a categoria.

“Quando assumi a presidência, tínhamos 117 mil servidores. Após o último PDI, esse número já foi reduzido para 108 mil. E um novo plano de demissão deverá ser lançado em breve. Também com os sindicatos, estamos discutindo alguns benefícios, que precisam ser redimensionados. Antigas políticas não trazem respostas a novos problemas. Ainda temos muito o que aprimorar, e ainda alguma gordura para cortar.”

Fonte: Jornal Folha Dirigida

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