Correios esvaziam unidades, deixam cartas paradas e atacam o próprio monopólio postal
Notícia publicada dia 16/07/2025 14:42
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A empresa remaneja carteiros para o setor de tratamento, adota entrega unificada em algumas unidades sem a participação do Sindicato e deixa bairros inteiros sem entrega de correspondências. SINTECT-SP denuncia o desmonte do serviço postal público e o abandono da missão social dos Correios.

O SINTECT-SP volta a denunciar uma grave situação que tem se intensificado nos últimos dias em todas as regiões de São Paulo: os Correios estão remanejando carteiros das unidades de distribuição para os centros de tratamento, sob o argumento de que é preciso suprir a falta de trabalhadores nesse setor, uma lacuna criada pela própria empresa, que extinguiu o cargo de Operador de Triagem e Transbordo (OTT).
Esse movimento tem provocado o esvaziamento completo das unidades de entrega, deixando bairros e comunidades inteiras sem a presença do carteiro. As cartas ficam paradas por dias, até semanas, acumuladas nas unidades, enquanto os trabalhadores são obrigados a atuar fora de sua função. O sindicato vê essa ação como um ataque direto à própria instituição Correios, à sua função pública e à imagem histórica do carteiro como elo entre o Estado e a população.
Mesmo que o volume de cartas hoje não seja como há 10 ou 15 anos, o serviço postal segue essencial para milhões de brasileiros. É o monopólio postal, garantido pela Lei nº 6.538/78 e pela Constituição Federal (art. 21, X), que permite que uma carta chegue a um assentamento rural, a uma aldeia indígena ou a um idoso que depende da entrega física de contas, boletos ou correspondências do governo.
Para tentar minimizar a crise, a empresa adotou em algumas regiões a chamada entrega unificada, onde o mesmo trabalhador — geralmente um motorista ou motociclista — entrega simultaneamente encomendas e cartas simples. No entanto, essa prática é pontual e insuficiente, e está sendo implantada sem a participação do Sindicato o que pode acontecer como foi no DDA e nos SDs que só prejudicaram a categoria. Nas unidades onde a entrega unificada não foi implementada, o serviço de correspondência simplesmente fica parado. E com isso, a população se revolta, com razão, por não receber nem suas encomendas, nem suas cartas.
Ao abandonar a entrega postal regular, os Correios atacam o próprio monopólio que sustenta sua existência como empresa pública. O modelo de subsídio cruzado — onde regiões lucrativas ajudam a manter o serviço em locais deficitários — depende da universalização da entrega. Quando a empresa deixa de cumprir essa obrigação, enfraquece o argumento legal que garante sua exclusividade postal, abrindo brechas para privatizações e ataques à sua função social.
Além disso, vale lembrar que os Correios homologaram recentemente um concurso público com 3.500 vagas para carteiro, mas até agora não chamaram nenhum aprovado. Enquanto isso, sobrecarregam os trabalhadores que seguem firmes e esvaziam as unidades que deveriam estar prestando um serviço essencial à população.
O SINTECT-SP cobra com urgência:
•O retorno imediato dos carteiros às suas unidades de origem;
•A convocação dos aprovados no concurso para recompor os quadros;
•A retomada da entrega plena das correspondências simples;
•A recomposição dos cargos extintos e reestruturação do setor de tratamento.
O carteiro é o símbolo dos Correios, a presença da empresa pública nas ruas. Quando a direção retira esses profissionais das ruas, ela enfraquece a imagem da estatal, abre espaço para empresas privadas atacarem os Correios e estimula a insatisfação popular com o serviço.
Mexer no serviço de cartas é dar um tiro no coração dos Correios.
O SINTECT-SP segue na luta, denunciando esse desmonte e defendendo os direitos dos trabalhadores e o serviço público de qualidade para toda a população brasileira.