Em entrevista ao jornal Hora do Povo, presidente Diviza denuncia desmonte dos Correios e cobra devolução dos R$ 6 bilhões do governo federal

Notícia publicada dia 14/07/2025 18:48

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O presidente do SINTECT-SP, Elias Diviza, afirma que a crise da estatal é resultado de anos de sucateamento, negligência e retirada de recursos. O sindicato reforça a necessidade de organização e consciência política da categoria para defender os Correios e os direitos dos trabalhadores.

O presidente do SINTECT-SP, Elias Diviza, concedeu uma importante entrevista ao jornal Hora do Povo, na qual fez uma análise direta e firme sobre a grave crise enfrentada pelos Correios. Segundo ele, a situação atual não é nova, mas consequência de uma política deliberada de sucateamento que se arrasta há anos, atravessando diferentes governos.

“A crise dos Correios, que estourou agora, vem germinando há alguns anos”, afirmou Diviza. Durante os governos Temer e Bolsonaro, houve abandono completo da estatal, com ausência de investimentos em tecnologia, logística, frota e no setor de e-commerce. Além disso, os passivos trabalhistas aumentaram, e a estrutura da empresa foi sendo desmontada de forma silenciosa.

Diviza também destacou que, ainda durante o governo Dilma, os Correios foram obrigados a repassar R$ 6 bilhões ao Tesouro Nacional — recursos que deveriam ter sido aplicados na modernização e fortalecimento da empresa. Mais recentemente, no atual governo, uma das principais fontes de receita da estatal — o imposto de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, a chamada “taxa das blusinhas” — foi cortada, agravando ainda mais o quadro financeiro da empresa.

O resultado desse processo é sentido hoje pelos trabalhadores e pela população: prejuízo de R$ 3,2 bilhões em 2024, atraso de salários e perda de qualidade no atendimento postal. Diante desse cenário, a FINDECT e os sindicatos que representam a categoria enviaram, em maio, uma carta ao governo federal cobrando um plano emergencial de reestruturação da estatal.

“O que estamos fazendo é reivindicar do governo a devolução dos R$ 6 bilhões que foram retirados da empresa durante o governo Dilma. É um reinvestimento extremamente necessário”, destacou Diviza.
Mas a luta não se limita à cobrança institucional. O presidente do sindicato também reforçou a necessidade urgente de a categoria ampliar o debate político e fortalecer sua representação nas esferas de poder.

“Passamos muitos anos sem discutir com seriedade a necessidade de eleger alguém da nossa categoria ou que esteja do nosso lado nas lutas. Isso precisa mudar. A política não é um espaço neutro. Ou a gente ocupa com quem defende os nossos direitos, ou será ocupada por quem nos ataca”, afirmou.
O sindicato alerta que a defesa dos Correios como empresa pública, com presença nacional e função social, passa diretamente pela organização da categoria, pela unidade nas lutas e pela construção de alternativas políticas com base nos interesses da classe trabalhadora.

Essa discussão não se limita apenas aos Correios. Trata-se de uma luta em defesa dos serviços públicos, das estatais, do papel do Estado e dos direitos sociais. É uma pauta que diz respeito a todos os trabalhadores e trabalhadoras do país.

Seguiremos firmes na defesa dos nossos direitos, cobrando investimentos públicos, valorização dos trabalhadores e respeito ao papel estratégico dos Correios. Não aceitaremos retrocessos. Elegemos este governo com a esperança de reconstruir tudo o que foi desmontado — e vamos continuar mobilizados para que isso se concretize.

Quando a classe trabalhadora se organiza, ninguém nos cala. Vamos à luta!
📎 Leia a matéria completa no jornal Hora do Povo.

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