CAPÍTULO II: O aumento artificial do pós-emprego e a farra das gratificações e vice-presidências

Notícia publicada dia 06/03/2018 13:08

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Nesse SEGUNDO ARTIGO DE UMA SÉRIE sobre a situação financeira e administrativa da ECT, continuamos a abordar os motivos do déficit financeiro alegado pela direção dos Correios.

Por serem vários, serão expostos em três artigos diferentes. No artigo anterior – leia AQUI – abordamos a redução da atividade econômica, a elevação vertiginosa do volume de indenizações e a defasagem tarifária. Agora veremos mais três aspectos do alegado, não provado e cada dia mais claramente falacioso déficit.

Os argumentos estão baseadas nas conclusões e achados da auditoria pública feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) – leia AQUI. Segundo ela, o problema dos Correios é *MÁ GESTÃO, e isso levou à classificação das contas dos membros da Diretoria Executiva da ECT como IRREGULARES. Os auditores acharam inúmeros dados e ações que consideraram mal feitos, mal planejados e até causadores de suspeitas.

O mais importante dessa série é mostrar que dificuldades operacionais e déficit não são resultados da redução da entrega de correspondências e dos avanços tecnológicos como diz Guilherme Campos.

Muito pelo contrário. Os Correios são uma empresa com enorme potencial e atuam num mercado próspero e crescente, porque o comércio pela internet, com a entrega de encomendas nas residências, está crescendo e se tornará dominante. Os Correios podem ser líderes absolutos nesse segmento e na logística e se tornarem uma empresa ainda mais forte e lucrativa do que sempre foi.

Mas os empresários e as multinacionais são contra. Querem esse mercado altamente lucrativo para eles. Por isso colocaram seus representantes na direção dos Correios, com Campos à frente. O objetivo deles é destruir a imagem da empresa, enxugar os custos com mão de obra, terceirizar tudo que der e privatizar o que sobrar.

• Custos com pessoal

O presidente da empresa quer convencer que os gastos com pessoal estão altos demais devido ao custo do convênio médico e outros direitos da categoria, como o diferencial de mercado que ele acaba de eliminar, o adicional de 70% nas férias, o tíquete peru, etc.

Mas a auditoria mostrou que o que há de excessivo nesses gastos estão nos contratos dos assessores especiais e na quantidade excessiva de pagamento a chefias e funções remuneradas.

A CGU recomendou que os contratos dos assessores especiais fossem encerrados, e não foram. Já as despesas geradas pelas FUNÇÕES GRATIFICADAS foram ampliadas com a flexibilização de critérios feita por Campos para facilitar a concessão.

Os dois casos envolvem indicações políticas e pessoal geralmente sem qualificação para as funções às quais são designados. Isso amplia a má gestão, compromete toda a produção e a qualidade dos serviços da empresa e gera descontentamento entre os funcionários operacionais e administrativos de carreira, qualificados e experientes, capazes de colocar a empresa nos trilhos.

•Elevação artificial nos custos com Benefício Pós-Emprego

Mudanças artificiais e repentinas nas regras contábeis geraram uma despesa bilionária, ao fazer com que o custo com benefício pós-emprego aumentasse 345,80%.

Essas mudanças ocorreram nas formas de cálculo de pós-emprego. Ou seja, a direção da ECT, de uma hora para outra, sem motivo concreto, decidiu aumentar vertiginosamente o valor que deve ser deixado em caixa para cobrir despesas futuras com pessoal, que virão com aposentadorias e convênio médico por exemplo (chamado pós-emprego).

Esse é o maior vilão do aumento dos gastos da empresa. Fica claro, portanto, que o problema financeiro dos Correios é administrativo, ou seja, o déficit é artificial, pois resulta do provisionamento de benefícios pós-emprego (regras contábeis) que foi inflado propositalmente para forçar um prejuízo no resultado financeiro da ECT que na verdade não existe.

No próximo artigo, centrado também na análise do déficit financeiro apregoado pela direção da ECT, abordaremos:

• Elevação exagerada dos Custos com Insumos (materiais, equipamentos, etc).

• Transferência elevada, de cerca de R$ 6 bilhões, de recursos para a “União”, ou seja, para o governo federal, valor muito acima do que a empresa poderia suportar.

• Redução nas aplicações financeiras, que eram fundamentais para aumentar as receitas e viabilizar o fluxo de caixa – Isso ocorreu devido à transferência de recursos citada acima.

Em seguida abordaremos:

• Insuficiência nos Controles Internos Administrativos e na gestão tecnológica da informação.

• Irregularidades nos processos licitatórios e nos resultados das consultorias contratadas.

Em na sequência o que a CGU apontou como má gestão e soluções possíveis para os problemas apontados, muito diferentes do que está sendo proposto e encaminhado pelo governo Temer e seu preposto na direção dos correios.

Acompanhe essa série aqui no site do SINTECT-SP!

OBS 1:

CGU é o órgão Federal que realiza anualmente auditoria de contas nos Correios e nas outras estatais. Os auditores são funcionários públicos concursados, bem qualificados e bem pagos, o que é fundamental para a realização de auditorias isentas de politicagem. Os resultados são bem diferentes das auditorias pagas por Guilherme Campos para fiscalizar ele próprio.

OBS 2:

A CGU efetuou análises em conformidade com o estabelecido no Anexo II da DN-TCU nº 156/2016:

• Avaliação da Conformidade das Peças;

• Avaliação dos Resultados Quantitativos e Qualitativos da Gestão;

• Avaliação dos Indicadores de Gestão da Unidade;

• Avaliação da Gestão de Pessoas;

• Avaliação da Regularidade dos Processos Licitatórios;

• Avaliação da Gestão de Tecnologia da Informação;

• Avaliação dos Controles Internos Administrativos;

• Avaliação dos Controles Internos Contábeis.

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