CARAVANA NA UFRJ

Notícia publicada dia 16/05/2012 13:25

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Para Jandira Feghali, convidada do Aulão+10 na UFRJ, é possível diminuitr a desigualdade social no Brasil por meio da cultura

“Cultura é maior capacidade de integração para desenvolvimento”

A décima primeira cidade do Brasil a receber a Caravana UNE Brasil+10 é nada menos que Rio de Janeiro, segunda capital e maior metrópole do país. A caravana, que chega de Salvador, reflete sobre o Brasil que a juventude sonha para daqui dez anos, a partir do bicentenário da independência, que será comemorada no dia 7 de setembro de 2022.

A caravana chega à penúltima etapa com muito fôlego, discutindo sobre os principais assuntosrelativos ao desenvolvimento do país. Dessa vez, a UFRJ recebeu, na sexta-feira, 11 de maio,  para o Aulão+10 a Deputada federal e Ex-Secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeiro Jandira Feghali e a professora da Faculdade de Letras, Eleonora Ziller. Também compunham a mesa Daniel Iliescu, presidente a UNE, a vice-presidente Clarissa da Cunha, e o presidente da União Estadualdos Estudantes do Rio de Janeiro, Igor Mayworm.

Quem fez as cerimônias para o Aulão+10 foi o grupo de cultura tradicional do Candomblé, Omoarô. Duas cantigas, uma para Oxalá e outra para Oxum, foram apresentadas, ambas resgatando a importância da aceitação do indivíduo como ser único.

Em seguida, a professora Eleonora Ziller abriu o debate colocando como principal importância para o desenvolvimento do Brasil, o resgate da história política do país na educação, incluindo o Centro Popular de Cultura – famosa obra poética de Ferreira Gullar- como exemplo de assimilação entre o conhecimento e a produção de conteúdo voltada para o ensino.

O modo como a poesia, a política e principalmente a intercessão de ambas atuaram no CPC nos anos 60 inspirou a professora em sua tese de doutorado. “Foi um esforço de aproximação inédito, de força crítica extraordinária, que proporcionou ao país modelos para pensarmos em como articular a produção intelectual altamente sofisticada à grande massa da população que foi excluída do seu direito de ter acesso à cultura”.

A professora concluiu: “A ausência de política pública é uma deficiência no país. Por isso o papel da universidade é preservar a história do conhecimento e das lutas de nosso povo, uma vez que a história do Brasil sempre foi contada do ponto de vista dos que venceram”.  Foi assim que foi criado o Centro Universitário de Memória e Documentação na UFRJ.

Uma das maiores lideranças políticas do estado do estado do Rio de janeiro do ponto de vista da Cultura e da Educação, a Deputada Federal e Ex-secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeiro Jandira Feghali, deu continuidade à fala da professora, acentuando, inclusive, a importância do avanço institucional para a criação de redes de mobilização cultural no país, dentro das assembleias, câmaras municipais e movimentos sociais.

“Conceitualmente, o Brasil já passou pelo escravagismo, feudalismo, monarquia, colônia. Hoje, com quase 200 anos de história, ainda registramos uma desigualdade social profunda, que nada  mais é que o registro do capitalismo com seu sistema de exclusão e a concentração de renda”, explicou Jandira

A deputada ainda colocou a cultura como a política com a maior capacidade de integração que se pode pensar hoje em dia, no sentido dos saberes e fazeres da história.

“Integração da convivência, integração da nossa pluralidade, integração territorial, integração étnica. Ajuda inclusive na autoestima do brasileiro, afinal, nós não conhecemos a história do nosso país. A mídia, que deveria fazer essa intermediação, não ajuda a transmitir cultura. É só ver novela para perceber os padrões que elas levam Brasil afora”.

A primeira meta para os próximos anos, de acordo com a debatedora, é fazer com que a chamada “cartografia sociocultural urbana” aconteça em busca de conhecer o que é o Brasil em seu sentido étnico, cultural e de cadeia de produção no campo da cultura. A importância da integração da cultura com a educação, começando na primeira infância, também foi ponto forte colocado por Jandira. “Estado não produz cultura. Quem produz cultura é o povo!”, completou.

Quem encerra o debate é Igor Mayworm, presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro. “A garantia de mais investimentos para um plano nacional de educação é fundamental para desatarmos os nós que travam o desenvolvimento do Brasil em termos de desigualdade. Precisamos de uma profunda transformação no ensino básico e democratizar o acesso das classes menos favorecidas”.

Do Rio de Janeiro, Mayara Monteiro
Fotos: Fábio Bardella e Ivan Russo

Fonte: Site da UNE

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