Esquema em fundos de pensão rendeu cerca de R$ 20 milhões em vantagens indevidas, diz MPF

Notícia publicada dia 12/04/2018 16:13

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Contratação dos fundos movimentou valores de cerca de R$ 200 milhões

Os operadores do esquema de lavagem de dinheiro nos fundos de previdência Postalis (Correios) e Serpros (Serpro) receberam cerca de R$ 20 milhões em vantagens indevidas, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo as investigações, as vantagens indevidas foram obtidas para a contratação de pelo menos dois investimentos dos fundos Serpros e Postalis. No caso da Postalis, o operador Arthur Machado teria conseguido um investimento de R$119 milhões pagando em troca vantagens indevidas por isso. Esse investimento serviria para seu empreendimento da criação da Nova Bolsa de Valores.

No caso do Serpros, as vantagens indevidas garantiram um investimento de R$ 72 milhões do fundo em empresas ligadas Machado.

A Operação Rizoma, que foi deflagrada na manhã desta quinta-feira, é um desdobramento da Lava-Jato no Rio e investiga um esquema de lavagem de dinheiro em fundos de pensão. Os procuradores, porém, deixaram claro que essa nova investigação não envolve nenhum ato do ex-governador Sérgio Cabral.

Para fazer o pagamento de propinas, porém, Machado usava doleiros e outras modalidades financeiras que também serviram ao esquema de Cabral.

— Para pagar essa propina, esse delator (Alessandro Laber) informou que toda a operação era feita com os doleiros Juca e Tony (Vinicius Claret e Cláudio Fernando Barbosa, respectivamente). O Arthur Pinheiro Machado precisava gerar recursos para esses agentes públicos — explicou o procurador da República Eduardo El Hage.

Entre os alvos estão o lobista Milton Lyra, citado em operações anteriores como operador de políticos do PMDB, que deve se entregar à PF em São Paulo; Marcelo Sereno, ex-secretário nacional de comunicação do PT; o doleiro Edward Penn; e Arthur Pinheiro Machado, apontado como operador e criador da Nova Bolsa, que recebeu aportes financeiros dos dois fundos de pensão.

Os investigadores, porém, não souberam informar se Lyra e Sereno atuaram nesses casos em nome de algum político ou dos partidos ao que estão ligados. Segundo a força-tarefa, a investigação está no início e, neste momento, o objetivo era mostrar a parte de lavagem de dinheiro e evasão de divisas promovidas pelo esquema.

No caso de Sereno, ele é acusado de ter recebido R$ 900 mil para fazer lobby a favor de um dos investimentos que interessavam a Machado nos fundos. O MPF, porém, não especifica qual operação contou com sua participação.

Em outro momento, o a força-tarefa também diz que ele dividiu vantagem indevida de R$ 3 milhões com Ricardo Rodrigues, apontado nas investigações como a pessoa que fazia a intermediação entre o Serpros e os empresários que queriam investimentos do fundo.

Advogado de Sereno, Afonso Destri negou as acusações contra ele e disse que vai questionar a competência do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, para tratar do caso. O rigor de Bretas tem sido comparado ao do juiz Sergio Moro, responsável pela Lava-Jato em Curitiba.

— O Ministério Público relaciona fatos que são absolutamente desconexos e, a partir daí, faz várias ilações. E, em uma estratégia jurídica, vincula esses fatos aos apurados na (operação) Calicute. Tudo para que a competência, que vou questionar, seja da 7ª Vara Federal, do juiz Marcelo Bretas. Teria que ser livre distribuição.

Destri afirmou ainda que Sereno não participou de nenhum dos fatos citados pelo Ministério Público Federal que ele “não tinha qualquer ingerência nos fundos de pensão.”

A defesa de Machado e de Patricia Iriarte, que ajudaria o empresário no desvio de recursos dos fundos, refuta, de forma veemente, qualquer relação entre os empresários e atos ilícitos. Informa que ambos sempre agiram no mais absoluto respeito à legislação e que não compactuam com práticas ilegais.

Todos os pedidos de prisão foram expedidos pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas. Até o momento, Arthur Machado e Marcelo Sereno foram presos.

Além disso, o MPF disse que a Polícia Federal (PF) apreendeu cerca de R$400 mil em espécie na casa do operador Edward Penn. Por Jeferson Ribeiro, agência O Globo.

Pela primeira vez a Lava-Jato do Rio investiga contratos feitos pelos fundos de pensão, são eles: Postalis, dos Correios e Serprus, do Serpro

A Polícia Federal e o Ministério Público investigam prejuízos nos fundos de pensão Postalis e Serpros. Pela primeira vez a Lava-Jato do Rio investiga contratos e investimentos feitos por um fundo de pensão.

Operação Rizoma investiga crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção que geraram prejuízos a fundos de pensão.

Agentes foram às ruas do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão. Em São Paulo, a PF prendeu o empresário Arthur Mário Pinheiro Machado. E no Rio, o economista Marcelo Borges Sereno também foi preso.

O objetivo é prender lobistas e operadores de políticos que fraudavam fundos de pensão de funcionários público.

As investigações da Operação Rizoma começaram em outubro do ano passado, a partir da delação premiada do doleiro Alessandro Laber.

Milton Lyra já foi citado em várias delações premiadas pela relação que tem com políticos do MDB do Senado. E em fevereiro já tinha sido alvo de uma operação que também envolveu o Postalis.

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