Esquema que quebrou o Postalis começa a ser desvendado

Notícia publicada dia 12/08/2016 12:07

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Está cada vez mais evidente a enorme injustiça que é fazer o trabalhador pagar a conta do rombo no fundo, que foi provocado por desvios, fraudes, má gestão e falta de repasse da mantenedora, a ECT – O Sindicato continua na luta contra a cobrança extra e para que o rombo seja coberto pela empresa, pelo banco responsável pelos investimentos fraudulentos e que deram errado e pelo confisco dos bens dos fraudadores!

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A notícia abaixo foi publicada no Estadão de 11 de agosto. Ela mostra que as investigações do Ministério Público Federal estão descobrindo cada vez mais falcatruas no Postalis, todas relacionadas a desvio e roubo de dinheiro do instituto. Sempre é bom lembrar que a CPI dos Fundos de Pensão e as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público foram desencadeados pela denúncia e pedido de intervenção encaminhados pelo SINETCT-SP e pela FINDECT.

O Sindicato continua na luta contra a cobrança extra na justiça, através de processo coletivo, e no âmbito político, buscando que a ECT pague o repasse que deve e que o Banco Mellon cubra os prejuízos causados por má gestão e fraudes nas aplicações que coordenava.

Veja a íntegra da notícia publicada no Estadão de 11 de agosto:

Procuradoria denuncía quatro por lavagem de dinheiro e fraude fiscal no Postalis

Ministério Público Federal aponta que empresário Fabrizio Neves ‘utilizou contas bancárias de familiares e forjou operações financeiras para ocultar dinheiro desviado do fundo de pensão’

O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou quatro investigados pelos crimes de lavagem de dinheiro e fraude fiscal no esquema Postalis. O grupo teria atuado para ocultar a origem de recursos desviados do fundo de pensão dos Correios entre 2006 e 2011.

Esta é a segunda denúncia do Ministério Público Federal contra envolvidos no esquema que causou rombo superior a US$ 140 milhões aos cofres do instituto de previdência complementar dos Correios. O empresário Fabrizio Dulcetti Neves é apontado pela Procuradoria da República como o ‘mentor do esquema’.

“Os desvios se basearam no superfaturamento de títulos negociados no mercado de capitais. A transação dos ativos se dava por meio de duas corretoras sediadas nos Estados Unidos, que adquiriam os papéis no mercado internacional e os revendiam a fundos ligados ao Postalis por preços muito acima dos valores reais. O esquema utilizava uma série de offshores, muitas delas pertencentes a sócios da Atlântica Administração de Recursos, empresa de Fabrizio responsável pela gestão dos fundos no Brasil”, aponta a Procuradoria da República.

Segundo os investigadores, Fabrizio Neves, a partir de negociações fraudulentas, recebia recursos desviados título de comissões.

“Para omitir a ilegalidade dessas quantias, utilizou-se de contas bancárias de parentes e forjou doações, empréstimos e aquisições de bens. Entre essas operações está a compra de um apartamento no bairro do Ibirapuera, zona sul de São Paulo, em 2011. O imóvel teve valor declarado de R$ 4 milhões, mas valia até quatro vezes mais, segundo apuração à época”, afirma o Ministério Público Federal.

A Procuradoria aponta que o empresário e sua mulher, Laura Neves, simularam uma troca para adquirir o apartamento. ‘Na tentativa de mascarar a origem dos recursos e evitar problemas com a Receita Federal’, diz a denúncia, o casal comprou dois imóveis – cada um avaliado em R$ 2 milhões -, fez a permuta pela unidade da zona sul e a transferiu para as duas filhas. Todas as transações, de acordo com a Procuradoria, foram feitas no mesmo dia, 6 de maio de 2011.

“Há fortes indícios de que a diferença entre o valor declarado e o real tenha sido paga no exterior por meio de offshores”, diz nota do Ministério Público Federal.

Segundo a Procuradoria, até 2011, Fabrizio recebia as quantias por meio de contas bancárias vinculadas à esposa e à sogra, Mercedes Serruya Monteiro.

“As investigações demonstraram que Mercedes, além de ser proprietária de uma das offshores utilizadas no superfaturamento dos títulos, realizou pelo menos duas transferências para o genro. Já Laura Neves, embora não tenha feito aportes financeiros ao marido, recebeu, em nome dele, parte dos recursos ilegais transferidos por uma das corretoras envolvidas no esquema e foi beneficiária direta dos desvios”, relata a Procuradoria.

O Ministério Público Federal registra que ‘após as autoridades norte-americanas constatarem as fraudes praticadas pela Atlântica, em 2010, Fabrizio passou a simular operações financeiras para ocultar a origem ilícita do dinheiro’.

“Além do apartamento adquirido em 2011, ele forjou transferências e doações envolvendo a própria empresa e familiares. Duas dessas transações tiveram a participação de sua cunhada, Rayanna Serruya Monteiro, e de Mercedes. Em 2012, elas declararam à Receita ter concedido ao empresário, no ano anterior, empréstimos de R$ 250 mil e R$750 mil, respectivamente. Os repasses nunca ocorreram, mas Fabrizio fez com que o fato fosse informado na declaração de rendimentos de ambas para justificar às autoridades o aumento de seu patrimônio”, aponta a denúncia.

Fabrizio, Laura e Mercedes devem responder por lavagem de dinheiro. Os três constam também da primeira denúncia, acusados por condutas como organização criminosa e apropriação ilegal de recursos financeiros. Rayanna foi denunciada por lavagem de dinheiro e fraude fiscal, crime atribuído também ao empresário e a sua sogra devido ao registro de informações falsas em declarações de imposto de renda para mascarar a ilicitude dos recursos.

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