Nota à imprensa – Crise dos Correios é culpa da má gestão feita por indicados políticos

Notícia publicada dia 06/07/2016 16:09

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O ecetista trabalha em dobro por falta de funcionários, sofre com assaltos, falta de condições de trabalho, salários baixos e convênio médico deteriorado, e agora tem de ouvir que é o culpado pela crise financeira da empresa. É demais….

Depois do presidente interino Michel Temer afirmar que vai “privatizar tudo que for possível”, e que os Correios encabeçam a lista, o presidente da ECT afirmou que a crise que afeta a empresa é “reflexo das atitudes dos funcionários”!

A afirmação foi feita à Rádio CBN, e a matéria foi ao ar nesta terça-feira, 5 de julho. Foi um choque para trabalhadores que sofrem com sobrecarga de trabalho, devido à falta de funcionários, com baixos salários e  com a violência nas ruas. Mas, passado o choque, é preciso questionar qual a intenção de Guilherme Campos com sua afirmação.

Ele é mais um que caiu de paraquedas na presidência da ECT, posição ganha por indicação política. Não sabe NADA de Correios, nem ele nem os diretores que indicou. Mas deve saber que nada do que ele falou é verdade!

O mais provável é que sua atitude visa a colocar a população contra a categoria para pavimentar o terreno para a privatização que Temer quer.

Veja o que ele disse à CBN e qual é a realidade:

“A crise financeira da empresa é reflexo das atitudes dos funcionários”.

Se dependesse das atitudes dos funcionários, não haveria crise financeira. A falta de empregados é grave e antiga. Há anos não tem concurso público. A quantidade de serviço, por outro lado, só aumenta, principalmente com a entrega de encomendas via e-commerce. Na maioria dos setores de trabalho e localidades, a sobrecarga de trabalho é cotidiana.

Crise financeira, se há, é culpa das gestões desastrosas realizadas pelos últimos presidentes e diretores dos Correios, todos indicados politicamente e sem conhecimento da realidade e do serviço da empresa. Bem como da sangria de recursos realizada pelo governo, que retirou mais do que podia do caixa da empresa para reforçar seu caixa, pagar juros da dívida pública e garantir o superávit fiscal.

“O que mais preocupa é o alto índice de atestados médicos”.

Estudo do Sindicato, coordenado pelo Médico do Trabalho e Psiquiatra Dr. Francisco Drumond mostrou que o alto grau de doenças profissionais que atingem os trabalhadores da categoria, física e psicologicamente, é resultado do tipo de trabalho realizado na empresa, pesado e cada dia mais perigoso, devido ao crescente número de assaltos a encomendas entregues pelos carteiros. Com a falta de funcionários, que já dura anos, a sobrecarga de trabalho e a pressão das chefias, via assédio moral e punições, o grau de adoecimento piora. Mas o presidente da empresa prefere culpar o trabalhador por adoecer, dando a entender que ele é preguiçoso, e por isso pega atestados.

“Concurso público, é impossível que ocorra, ao contrário, a tendência é cortar cargos, realizar demissão voluntária e demitir aposentados”.

Ou seja, a situação vai piorar muito! Porque se o número de funcionários diminuir ainda mais, vai aumentar a sobrecarga de trabalho e o adoecimento.

O presidente da ECT “Espera empenho e mudança de atitude dos funcionários, QUE NÃO SE DERAM CONTA DA GRAVIDADE DA SITUAÇÃO”.

A categoria está em Campanha Salarial, com data-base em 1º de agosto. Se alguém tem de atentar para a gravidade da situação é o presidente da empresa, e decidir se mantém da tendência de aumentar o grau de exploração da mão de obra e derrubar a qualidade do trabalho prestado, ou se ataca o que realmente precisa mudar para que a empresa volte a ter a eficiência e performance anterior. Dizer que há crise e apontar como saída o corte de gastos é muito simplório.

 Elias Cesário de Brito Jr.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo e Vice-presidente da FINDECT, Federação Nacional de Sindicatos de Empregados da ECT.

Douglas C. Mello

Diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo.

Fone:

Sindicato – Fone 3822 5598

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