Constrangimento, invasão de privacidade e discriminação atingem trabalhadores do CTC Santo Amaro

Notícia publicada dia 27/02/2015 21:09

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Os companheiros(as) estão sendo submetidos a uma constrangedora “roleta russa” que escolhe quem vai ser revistado na saída do trabalho

Revista pessoal

A revista diária implantada no setor é constrangedora por colocar todos como suspeitos, fere a honra dos trabalhadores e os expõe ao ridículo.
Mas nem todos passam pela revista. Há também discriminação, pois somente os sorteados são obrigados a abrir e esvaziar bolsas e mochilas, bolsos das roupas em geral, mostrar celulares e dar satisfação para objetos que forem considerados “suspeitos”.
O sorteio é básico. Num saco há várias bolas nas cores azul e amarela. Quem tirar uma bola azul é revistado. Se for a amarela, não tem revista.
Revista pessoal no CTC Santo AmaroUm companheiro relatou o seguinte a um Diretor do Sindicato:
“Ontem eu fui constrangido no momento que deixei o setor. Me recusei a participar desse sorteio das bolas da vez, e o segurança disse que eu era obrigado a participar. Eu disse que não haveria problemas em retirar, abrir minha bolsa, esvaziar bolsos da calça.
Mas ele, mal instruído, disse que eu deveria preencher um termo e pegou meu nome e matrícula. Isso mostra o total despreparo dos correios em relação à segurança.”

E a segurança dos trabalhadores?

Com tais atitudes, a empresa mostra uma grande preocupação com os objetos e valores que circulam como encomendas e com seu patrimônio. Quer preservar os clientes e seus lucros. Por outro lado, não tem nenhuma preocupação com a segurança dos trabalhadores, que estão sendo assaltados e correm riscos cotidianos nas ruas.

Sindicato questiona e empresa desconversa

O Sindicato questionou os Correios sobre o tal procedimento.
A empresa alegou que não tem condições de revistar todos.
Diz que não tem como contratar mais seguranças para esse tipo de procedimento. Assume, dessa forma, sua incapacidade de realizar algum tipo de controle.
Os trabalhadores necessitam de segurança nas ruas para realizar as entregas. Mas a empresa, sempre omissa, se preocupa com um controle falho e confuso dos próprios trabalhadores.
Algo está muito errado na ECT.

Sindicato exige negociação e fará assembleia com os trabalhadores(as) do setor para definir posições

A Diretoria do Sindicato não aceita que os trabalhadores seja submetidos a práticas vexatórias e constrangedoras. Nem que sejam colocados como suspeitos permanentes e tenham a intimidade e a privacidade invadida cotidianamente.
A empresa tem que discutir seu procedimento com a representação sindical, que por sua vez vai se reunir e ouvir a opinião dos trabalhadores. Só assim a situação será esclarecida.
Vale levantar que, recentemente, a rede de supermercados Walmart foi condenada a pagar indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 800 mil e também foi proibida de realizar revistas íntimas e físicas em seus empregados, bem como fiscalizar suas bolsas e pertences. A ação foi movida pelo Ministério
Público do Trabalho e seu autor, o procurador do Trabalho Valdir Pereira da Silva, acredita que as revistas extrapolam o poder de fiscalização patronal e ofendem a honra e a imagem do empregado, uma vez que o poder de fiscalização não é um direito absoluto e ilimitado, “Não legitimando a violação do direito dos empregados à intimidade e à vida privada”, observou ele. Isso implica a possibilidade de encaminhamentos pela via judicial no caso de Santo Amaro.
O Sindicato fará reunião na frente do setor com os trabalhadores para debater o assunto e ouvir a opinião dos companheiros, e exigir que a empresa convoque uma negociação sobre o tema, interrompendo qualquer tipo de revista discriminatória e constrangedora enquanto a situação não é aclarada.

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